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Uma opinião diferente sobre o iPad

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Conforme falei no Twitter ontem, eu ia postar minhas impressões sobre o Apple iPad à noite, após acompanhar uma ou outra cobertura pela web, meio que aos tropeços, trabalhando e fazendo outras coisas junto. Por causa das informações fragmentadas, não formei uma opinião final, decidindo assistir ao keynote completo antes de escrever qualquer coisa no blog. Pois bem, feito isso, podemos discorrer agora sobre a novidade.

Acho que nenhum gagdet jamais foi alvo de tanto tititi, antes mesmo de se confirmar sua existência, como o iPad. Nem para os padrões Apple de rumorosfera. Procuro fugir ao máximo de especulações, simplesmente porque odeio perder tempo e desperdiçar energia em algo que não existe oficialmente. Bom, é praticamente impossível passar batido por eles, e confesso que tudo o que via ou ouvia sobre o dito me parecia tolo.

Acho que foi isso que atiçou a ira de blogueiros, macmaníacos, entendidos e pitaqueiros em geral. Já falei isso: cada novo lançamento de Steve Jobs tem o dever moral de mudar o mundo. Aí, tio Istive mostra no palco seu iPod touch gigante… e todo reles blogueiro se transforma em doutor em engenharia, dizendo como deveria ter sido feito. Parecem os 200 milhões de técnicos de futebol que temos no Brasil, não? 😉

É tablet ou netbook?

No início do keynote foi deixado claro que o projeto do iPad buscava responder duas dúvidas: haveria uma lacuna de mercado para um dispositivo intermediário entre laptop e smartphone? Segundo, esse intermediário poderia desempenhar de forma mais eficiente certas tarefas do laptop e do smartphone?

Os netbooks, indiscutíveis sucessos de mercado, foram desprezados pelo CEO da Apple – e não pela primeira vez. Dizendo que netbooks não são melhores em nada, tio Istive esqueceu-se dos milhões de usuários móveis que acreditam que, só com um browser na mão, fazem qualquer coisa, sem gastar os tubos ou temer pela segurança carregando por aí um gadget caríssimo.

O iPad não é um netbook, evidentemente, mas fica difícil eu chamá-lo de tablet. Afinal, o grande objetivo dos tablets sempre foi trazer uma relação mais humana entre homem e computador, simulando a interface que há, sei lá, 2 mil anos, mais nos parece natural ao manusear informações: o lápis e o papel. O iPad enterra essa idéia, o que sem dúvida nos faz concluir que temos uma nova categoria de produto no mercado.

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Polêmica: quem é o público-alvo?

Fiquei muito empolgada nos dias de pré-anúncio do iPad, graças a uma entrevista que o Wall Street Journal fez com Steve Jobs. É sabido que temos um grande mercado a ser explorado no que se refere à dispositivos móveis com ferramentas educacionais e acadêmicas. Quando o chefão da Apple deixou a entender que sacudiria o mercado editorial como fez com o audiovisual, tive a certeza que algo grande viria. Não exatamente um grande hardware, mas um grande modelo de negócios. Isso explica a decisão da Amazon de abrir o SDK do Kindle para desenvolvedores na semana anterior. Mas o assunto eBooks explorarei aqui no blog amanhã, na continuação deste post.

Pelo iPad em si, qual seu público-alvo? Eu, pelo menos, sei que não sou. Não como usuária de desktop e smartphone, mas como usuária de Macbook e iPhone. Não tenho nenhuma lacuna de necessidade em termos de ferramenta, apenas sinto falta de mais versatilidade no iPhone. E, no que o iPhone deixa em aberto para mim, não é o iPad quem irá suprir. Infelizmente não me arrisco a especular mais em cima do iPhone OS, já que, no keynote de ontem, não foi dita uma vírgula sobre versões vindouras. Exceto talvez o wallpaper bonitinho do 3.2. Desenvolvedores já possuem a documentação do novo SDK, veremos o que eles podem nos dizer.

Mas é agora que vou discordar veementemente de toda a blogosfera incendiária que está detonando o o iPad. Sinto desapontá-los, mas o iPad é um excelente produto, e vai vender bastante. Enxergo nele um imenso potencial para a inclusão digital em idosos e pessoas com dificuldades em entender computadores. Durante todo o keynote, imaginei meu pai usando o iPad. E ao término da apresentação, decidi que compraria um tão logo saísse, para presenteá-lo.

Na minha família todos usam computadores no dia-a-dia — os graus de desenvoltura variam — mas todo mundo paga suas contas, se informa e se comunica pela web. Exceto meu pai. Quando o primeiro PC entrou em casa, ele optou por manter distância. E de fato, os faniquitos que minha mãe e meu irmão davam ao usar Windows 95 e 98, só o assustaram. Ele resolveu que PCs davam muito problema e demoravam demais a executar tarefas simples, preferindo ser fiel à sua Olivetti.

O tempo passou, eu e meu irmão não moramos mais com ele, e minha mãe foi abduzida ao mundo Mac (com algumas ressalvas) através de seu genro. Mas meu pai continuou um excluído. Nos últimos 2 anos, venho quebrando a cabeça tentando descobrir um jeito de trazê-lo ao mundo digital de forma indolor. Ele mesmo se deu conta disso, ao constatar que seus amigos não trocam mais cartas nem importam jornais e revistas dos EUA. Meu pai é culto, fala 3 línguas; a maior parte do que lê está em inglês ou alemão. E o que o vem deprimindo recentemente são suas dezenas de contatos no exterior, com quem vem perdendo contato por não aderir ao email. Bem, criamos uma conta para ele, mas não há mais ninguém por perto para ficar abrindo e imprimindo seu correio eletrônico…

PCs Windows nem pensar, é um sistema alienígena. Netbooks também não – meu pai jamais conseguiria ler ou digitar algo nele. Pensei em um laptop de tela bem grande e teclado ergonômico, mas Macs são caros demais considerando que ele só usará navegador e email. E Linux, quem dará suporte a ele? O iPad era exatamente o que eu desejava: um dispositivo de tamanho intermediário. Com OS móvel, muito simplificado, é de uso básico e não tem um visual assustador.

Espero sinceramente ter encontrado o dispositivo perfeito para idosos e crianças entrarem de forma mais natural no mundo da tecnologia móvel. O iPad não é um intermediário. É o primeiro. Acho que quando o iPad chegar às lojas, os nerds baixarão suas foices e entenderão o potencial verdadeiro.

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