Grandes empresas descobriram um imenso potencial de marketing na forma de aplicativos gratuitos para iPhone. Entre os mais comuns: lembretes para consumir seus produtos, localização de lojas próximas via GPS, notícias ou informações de interesse de seu público. Tem sido uma febre.
Algumas corporações, guiadas por ótimas equipes de comunicação social, contratam boas empresas de desenvolvimento e chegam a criar aplicativos tão bons que até quem não é cliente baixa, usa, elogia e recomenda. Acho que o caso mais evidente foi a tabela do Brasileirão 2009 da Nova Schin. Outra pequena obra-prima é o app de receitas da Nestlé, que eu adoro!
Contudo, há pataquadas. E o tiro sai pela culatra, criando um markting negativo quando a idéia era apenas divulgar um produto novo, ou fortalecer uma marca num certo segmento.
O banco Santander/Real é um caso digno de estudo. Acho que figura entre os únicos que hoje não possuem mobile banking. Nem pra iPhone, nem pra aparelho nenhum. Há uns 5 anos, havia um FAQ no seu site de internet banking, que citava um tal wap que nunca existiu.
O problema é que eles estão investindo pesado para convencer seus clientes a aderir aos serviços Van Gogh (sua nova categoria VIP) e, dentre as iniciativas, veio um app gratuito para iPhone chamado “Santander Verão”. Que mostra, para seu cliente que está no litoral, as agências mais próximas, a previsão do tempo e até condições de praias e ondas.
Prestem atenção: não há um app, uma paginazinha móvel sequer para os clientes consultarem um mísero extrato. Mas eles criam um app móvel para clientes que vão à praia. Sim, amigo. Seu iPhone, ao contrário do que pensa, não vai te mostrar os últimos lançamentos na sua conta… mas vai mostrar uma lista de agências onde você poderá fazê-lo! Patético!
Outra empresa que está bobeando é a TAM. Em dezembro eles lançaram uma página para iPhone, cujas informações são tão primárias que a gente custa a compreender por que perderam tempo fazendo aquilo. Não tem serviço algum. Só informações irrelevantes. Para coisas úteis, ele abre a página web padrão — que mal funciona mesmo em PCs e Macs.
A concorrente Gol foi mais esperta e fez um programa, lançado esse mês na AppStore. Na correria, parece que queria mais chamar a atenção, pegando carona com a fama do iPhone, do que criar algo efetivo: o app é visivelmente incompleto.
Vocês tem idéia do IMENSO potencial de um aplicativo móvel que permita que você faça check-in, consulte vôos e horários e até compre ou reserve bilhetes? Há uma cegueira consensual, pois páginas web de empresas aéreas, sejam quais forem, são uma anti-aula de design e usabilidade. Eu não entendo, juro, como ninguém se aproveita dessa lacuna num mercado tão competitivo.
Há um tempinho temos serviços de check-in por celular, precários, que às vezes só funcionam com clientes de operadoras específicas. Certa vez tentei usar um desses, e, mesmo estando só de mochila nas costas, o sistema móvel me mandou ir na fila do check-in. Aconteceu o mesmo depois, ele nunca achava meu localizador. Era a época do apagão aéreo e parecia que a meta da companhia era mesmo complicar a vida do cliente. Decidi nunca mais voar por tal empresa. Tenho voado várias vezes por mês, e mesmo quando essa companhia faz promoções, vou com outras.
Imaginem o impacto de bons apps em clientes de alto-padrão, usuários de dispositivos móveis, satisfeitos com um serviço mobile decente!
Já fui chamada algumas vezes por empresas que fazem estudo de mercado para compreender demandas e necessidades de usuários móveis, tanto em produtos como serviços. Sempre saio dessas conversas de queixo caído. Como pode haver gente assessorando tão mal seus clientes? Depois o serviço é lançado, todo mundo fala mal e os “cabeças” das empresas não sabem por que. Orçamento é importante, estratégia de ação idem, mas falta o básico: ouvir as pessoas, perguntar ao cliente o que ele quer. Simples. Às vezes acontece isso, e sou obrigada a falar coisas absurdamente óbvias. Por exemplo… cliente de banco que tem iPhone quer acessar sua conta por ele, sabiam?