Quantos sistemas operacionais móveis há no mercado? Temos o Blackberry, o Symbian, o Maemo, o iPhone, o webOS (e muitos Palm OS ainda na ativa, inclusive nas lojas), o Android e o Windows Mobile, que agora com a alcunha de “Windows Phone 7” foi totalmente redesenhado.
Isso é ótimo para usuários e consumidores. Quando aumenta a competição, os desenvolvedores suam a camisa para aprimorar seus sistemas. E temos sistemas operacionais para nichos diferentes de usuários – trabalho, lazer, socialização “always-on”…
Temos mesmo?
Olhando alguns vídeos do Windows Phone 7 em ação eu tive a impressão que já vi esse filme… e várias vezes, como uma gigantesca Sessão da Tarde do mundo tech.
A Microsoft está investindo pesado naquilo que já nasceu nos sistemas mais novos e modernos: postagem automática de conteúdo na web, agenda de contatos vinculada à sites e redes sociais (onde além do telefone e endereço da pessoa você vê a última postagem dela no Facebook), jogos interativos… tudo integrado a sistemas de posicionamento. Isso não é familiar?
Preciso deixar claro que adorei a nova interface. Não dava mais para ficar em cima do muro usando os dedos, mas volta e meia tendo que apelar para as canetinhas. E ninguém merece aquele PIM com o mesmo visual da década de 90. O que eu queria entender melhor é o novo perfil do sistema operacional.
Windows Mobile é e sempre foi um sistema voltado a produtividade. Eu mesma usei por anos gerindo meu trabalho, meus pacientes, minha rotina pessoal e profissional. E continuaria usando, se teclados bluetooth continuassem compatíveis ao longo das atualizações. Hoje uso um E75, com teclado à parte para quando quero rascunhar meus textos e responder emails. Não preciso de netbook só para isso, nos PDAs a coisa sempre foi muito mais ágil. Sou uma usuária que nunca dispensou esse acessório, desde os primeiros Palms.
E agora, com o Windows Phone 7? Como ficarão os aplicativos Office? E sincronismo com Outlook? Vai tudo para a “nuvem”? Nuvem é o futuro, eu sei, mas não são todos que confiam e nem querem gastar uma baba com tráfego de dados. Conheço muita gente cujo perfil de trabalho não se enquadraria em nenhum outro sistema operacional. Como o gerente de TI que usou Pocket PCs (e agora, smartphone) desde 2005 só por causa de um poderoso programa de VPN. E os aplicativos de CRM e banco de dados, que salvam nós, profissionais liberais e pequenos empreendedores? E os sistemas de força de vendas, com empresas que encomendaram aplicativos próprios, customizados (e que custaram uma boa grana) continuarão rodando nesse sistema mais moderno?
São muitas as dúvidas e ainda não vi nenhuma demonstração na web do Windows Phone 7 na labuta pesada. Ok, conectividade “always-on” e redes sociais estão super na moda, mas tem gente que não dá a menor pelota. Aliás, o mundo não é só isso. Por isso não querem iPhone ou Android.
Dispositivos móveis voltados para o trabalho estão condenados à morte? Vai ficar só a RIM? Ou ela também vai aderir? E como fica a diversidade? Os sistemas operacionais móveis estão cada vez mais parecidos entre si. Que tédio…
Skype joga a toalha para a versão Windows Mobile e Lite
Já que hoje estou saudosista, não posso deixar de admitir que volta e meia suspiro ao lembrar dos tempos do Pocket PC. Comecei a usá-lo em 2004 e foram 5 anos de serviços muitíssimo bem prestados. Admito que não é um sistema para novatos, mas quem disse que todos tem que ser? Havia Palm, Symbian, todos bem diferentes entre si.
Minha saudade é pela liberdade no uso de aplicativos. Desenvolvedores faziam (e ainda fazem, vamos ver até quando) aplicativos sem a Microsoft se metendo, nem operadoras mandando e desmandando na forma de se usar a rede de dados.
Pois é, a coisa mudou. Fabricantes e operadoras andam de mãos dadas e empresas graúdas de soluções e software fazem tudo para entrar na rodinha. E estão conseguindo. Levei um susto ao saber que o Skype para Windows Mobile foi descontinuado, bem como a versão Lite – aquela que rodava em celulares comuns. Diz a empresa:
“We’ve chosen to withdraw Skype Lite and Skype for Windows Mobile because we want to offer our new customers an improved mobile experience – much like the version that has proved so popular on the iPhone, and which is now available on Symbian phones. Our focus is on providing a rich user experience that allows you to enjoy free Skype-to-Skype and low cost calls as easily on the move as you do at your desktop. We felt that Skype Lite and Skype for Windows Mobile were not offering the best possible Skype experience.”
“Not offering the best possible Skype experience”? Bullshit! Quantas e quantas vezes eu não fiz uma pausa no meio do dia, ao longo de 5 anos em minha rotina itinerante, para tomar um café, sacar meu smartphone e fazer algumas ligações pelo Skype, enquanto ao mesmo tempo tomava notas ou consultava um PDF? Qual dos sistemas “modernos” faz isso?
O que vem por aí? Acordo com operadoras, lógico! Novos modelos de negócios, novas formas de tarifação de dados… ou seja, mais uma vez vencem aqueles que impõem o uso da tecnologia móvel do jeito que querem, e não do jeito que quem paga por isso quer. iPhone e Android já nasceram nesse contexto, e, infelizmente, é o que vai prevalecer.